terça-feira, 28 de abril de 2009

Rosa Branca - Os jovens que desafiaram Hitler


Hans Scholl, sua irmã Sophie Scholl e o amigo Christoph Probst:
Mortos na busca da liberdade.


Rosa Branca era o nome do grupo anti-Nazismo que os 3 jovens faziam parte. Juntos tentaram anonimamente conscientizar as pessoas de que as atitudes e métodos de Hitler eram insanas e não lhes trariam a liberdade.
No dia 18 de Fevereiro de 1943, a Jovem Sophie cometeu um pequeno descuido e foi identificada, levando todos direto à guilhotina.

O grupo Rosa Branca era formado basicamente por 6 pessoas:

Hans Scholl : Sophie Scholl : Prof. Kurt Huber
Christoph Probst : Alexander Schmorell : Willi Graf


Pouco se sabe sobre o que aconteceu com Prof. Kurt, Alexander e Willi, porém toda a europa viria a conhecer a coragem de Hans, Sophie e Christoph.
Foi lançado um filme baseado nos fatos, mas a história saiu distorcida para aumentar o ar de romantismo. O foco ficou em Sophie e super-idealizaram-na. (Saiba mais..)
Me emocionei ao ler este texto da revista Veja, simulando uma matéria como se fosse escrita na época do acontecimento. Acompanhe para entender melhor a história:







VEJA, Fevereiro
de 1943




Um trio de corajosos estudantes abala o Reich com o primeiro movimento popular de contestação a Hitler - Entregue à Gestapo por funcionário de universidade, cúpula é submetida a julgamento
político e executada
Foto: Museu Memorial do Holocausto dos EUA/Reprodução

A mais nobre das traições: Hans (à esq.), Sophie e Christoph em Munique, no ano passado



Quando criança, o estudante alemão Hans Scholl tinha um ídolo incomum para um menino de sua idade. Ao invés de tentar imitar algum craque
do Bayern de Munique ou sonhar com as aventuras dos super-heróis dos gibis, o jovem Hans gostava mesmo era de Adolf Hitler, o chanceler alemão. Sócio orgulhoso da Juventude Hitlerista, cresceu em meio a promessas de retomada da grandeza germânica e conquista da supremacia global. Hoje, está morto.
No último dia 22, Hans Scholl, 24 anos, foi decapitado na guilhotina da
cadeia de Stadelheim. Seu crime: abandonar a ilusão nazista e ousar criticar
seu antigo herói.

Aluno do curso de Medicina na Universidade de Munique, Hans Scholl perdera o encanto por Hitler anos antes. Por influência do pai, Robert - que não caiu na lábia de Josef Goebbels e detestavao nazismo - , o rapaz passou a perceber que o Führer afundaria o país.
Ao chegar à universidade, Hans começou a compartilhar suas idéias com os amigos mais próximos - e, para sua surpresa, descobriu que os outros também não suspiravam de paixão por Hitler. Ajudados por Kurt Huber, um professor de Filosofia, os jovens organizaram um movimento de contestação
aos nazistas, o primeiro desde que Hitler subiu ao poder e esmagou seus opositores.

A rebelião começou no ano passado, ainda tímida e sempre sigilosa - afinal, falar abertamente contra o Führer é um suicídio na Alemanha atual. Além da vigilância da Gestapo, os jovens enfrentavam a resistência da própria população. Para os alemães, já não importava mais se Hitler estava certo ou errado: uma vez que a guerra estava declarada, sua obrigação moral e cívica era apoiar as tropas. Hans e seus colegas, no entanto, pensavam o contrário:
para eles, o dever do cidadão em tempos de guerra é justamente contestar
uma liderança política tão desastrosa, principalmente quando ela manda centenas de milhares de soldados à morte.

Ajudado por seu melhor amigo, Christoph Probst, 22 anos, também estudante de Medicina, e por sua irmã, a estudante de Biologia Sophie, de 21, Hans Scholl lançou a revolta espalhando folhetos que criticavam Hitler e pediam um levante popular contra o tirano. O título do texto, "Rosa Branca", deu origem ao nome do grupo. O impacto foi enorme: as cópias se espalharam e chegaram até a cidades distantes. Vieram novas mensagens, com demanda cada vez maior.
Estudantes de outras universidades passaram a distribuir os papéis. E logo
os textos eram seguidos de pichações nos muros de Munique: "Fora Hitler" e "Liberdade!" eram as mais freqüentes. A Gestapo, em desespero, caçava dia e noite o grupo. Mas a temida polícia de Hitler não conseguia farejar pistas, apesar de estar lidando com uma improvisada facção estudantil.

...
Sem lágrimas - Entre julho de 1942 e janeiro de 1943, os folhetos sumiram. Hans Scholl e seus companheiros foram convocados pelo Exército a lutar contra as tropas soviéticas no front do leste. As atrocidades que presenciaram no campo de batalha e nos centros de extermínio reforçaram ainda mais a convicção dos estudantes. No retorno a Munique, os panfletos tinham um novo título - no lugar do pacato "Rosa Branca", o desafiador "Movimento de Resistência na Alemanha". Essa resistência, entretanto, durou pouco: em 18 de fevereiro, um descuido da jovem Sophie encerrou o sonho. A irmã de Hans subiu as escadarias da universidade para despejar os folhetos sobre os alunos que deixavam as salas.
Um servente filiado ao partido nazista delatou Sophie e o irmão. Probst foi preso logo depois. Todos foram indiciados por traição.

O julgamento, quatro dias depois, foi mais um comício político do que um procedimento judicial. O juiz Roland Freisler, nazista até a medula, foi enviado de Berlim para presidir a sessão. Com Freisler segurando o martelo, a corte nem precisaria de promotor público: o próprio magistrado fez o papel de chefe de acusação. Como nenhuma testemunha foi chamada - torturados, os jovens confessaram as ações -, o julgamento se resumiu a um monólogo inflamado do juiz. Até o advogado de defesa indicado pelo Estado pediu a condenação do trio. Calado durante toda a sessão, só abriu a boca uma vez: "Que a justiça seja feita". Sophie não mostrou a mesma covardia. Fitou o juiz e disparou:

"Muitos outros pensam as mesmas coisas que nós, mas não têm coragem de admitir. Você sabe que essa guerra está perdida."

Robert Freisler julgou os três culpados de trair a nação e os sentenciou à morte naquele mesmo dia. Hans e Sophie ainda se despediram dos pais na cadeia antes da execução. Não choraram: seguraram as lágrimas até que o pai e a mãe saíssem. Christoph Probst não recebeu visitas. Sua mulher, que acabara de dar à luz seu terceiro filho, estava no hospital e sequer sabia que o marido fora preso.
Só pôde dizer adeus a Hans e Sophie: impressionados com a calma e a coragem dos estudantes, os carcereiros feriram o regulamento e deixaram que eles ficassem juntos por mais alguns instantes. Na hora da execução,
nenhum demonstrou desespero ou temor. A brava Sophie foi a primeira na guilhotina;
Christoph, o segundo. Hans Scholl, o último, ofereceu o pescoço ao carrasco e, antes que a lâmina caísse, proclamou: "Vida longa à liberdade".



Fontes: Revista Veja
............: Wikipedia
............: Analogartsensemble

5 comentários:

Sophie 29 de abril de 2009 às 00:06  

Congratulations Athos! Seu blog realmente é bom, não tem aquele assunto idiota de muitos... é interessante. Gosto da Rosa Branca, da Sophie, Hans... Mesmo nome que eu haha... sabe me dizer se tem algum livro sobre isso?
Eu gosto de ler sobre a Alemanha Nazista... não que eu gosto de nazismo, só acho interessante as coisas que aconteceram.

athosfidalgo 29 de abril de 2009 às 12:53  

tem um livro, chama Die Weisse Rose se não me engano

Anônimo 2 de maio de 2009 às 00:31  

interessante
achei inspiradora a coragem dessas pessoas mesmo diante da morte iminente

Talita Morena Roots 3 de maio de 2009 às 04:46  

Lindo!

Anônimo 9 de fevereiro de 2014 às 02:21  

Muito interessante a matéria,
sou punk/anarquista e odeio nazistas ou neo-nazistas e toda essa corja de adeptos ao movimento...
Esse ja mostra q a anarquia sempre esteve presente onde a desigualdade prevalecia mas por pouco tempo, e assim sera ate isso acabar.
Onde existir desigualdade sempre havera a anarquia para destruila...

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